quinta-feira, 26 de julho de 2012

História de uma mãe em construção

Esta noite a Sofia dormiu direto 8 horas! dormiu as 22 hs e acordou as 6:15 h....Ai meu Deusssss, tomara que a Dra. pediatra nao leia nunca estas mal trapidas linhas....ela falou para deixar até 6 horas...mas, mas....ela tava dormindo tão profundo e eu...também.... Mas se a guria tá bem alimentada e tá dormindo gostoso, deixa ela né...se tivesse com fome, acordava!
Quando ela começou a acordar o Adãozinho saiu correndo para pegá-la e então percebi, pela sua atitude e pela sua carinha que ele também sente saudades dela à noite!!!! Respirei aliviada! Pensei que só eu tinha este sintoma/sinal clínico/loucura...uma doideira difícil de explicar...como pode ficar com saudades de uma pessoa que vc acabou de ver horas antes? E quando vemos dá uma vontade de abraçar, beijar, apertar.....Encarna a Felícia dentro de mim!

Nunca pensei que eu fosse sentir nada parecido com isso....por mais que as pessoas falem e elas com certeza tem longos discursos (como este)  sobre as maravilhas da maternidade e muito blá, blá, blá.....realmente a gente não tem a mínima noção do que seja antes de sentir de verdade! 

Confesso aqui que nunca sonhei em ser mãe. Quando as moças falavam que "sempre sonharam em ser mãe, desde menininha" eu pensava: "credo mas que sonho bem chinfrin", desculpa, pensava mesmo!
Nunca sonhei ser mãe, apesar de saber que poderia acontecer. Não lembro de ter brincado de boneca. Lembro de brincar de se esconder, de se pegar, de subir em árvore, de cabaninha, de volei, de jogos de damas, trilhas, banco imobiliário, de castrar as gatas, de arrancar o cabelo da amiga/ menina vizinha, ...mas não lembro muito de bonecas não...mas sei que brinquei por que minha mãe me disse que sim. Na verdade lembro sim de ter uma boneca chamada Bianca de cabelinhos loiros e olhos azuis, mas quero dizer que não lembro de ter este instinto aflorado nas bonecas, como falam as revistas e livros....Que brincar de boneca é prelúdio para o instinto maternal....balela!

Durante uma época da minha vida inclusive eu dizia ( e realmente sentia) que nao queria ter filhos. Como sou a filha mais velha, tenho irmãos e primos mais novos o suficiente para eu ter visto quanto trabalho dão!!!! Eu não queria aquilo para mim não!

A verdade é que desde muito novinha meu foco sempre foi a profissão. Sempre quis ter uma profissão ( que até então poderia ser oceanógrafa, escritora, pesquisadora, bióloga, médica, veterinária, jornalista....) não importava. Mas ter uma profissão que me realizasse, que possibilitasse que eu viajasse e fosse independente em todos os aspectos: financeiro e emocional.  E neste objetivo ter filhos não caberia. Encontrei a minha "estrela" que foi a medicina veterinária e foram muitos, muitos anos de estudo e mais estudo e dedicação. De abdicação de festas e baladas, de pouca grana,  de usar o dinheiro extra em livros, cursos, congressos, de várias pós graduações, ao invés de comprar roupas e sapatos para ficar "biita" e arrumar marido....  E parece que quanto mais a gente estuda e se prepara, mais vê que precisa estudar mais e mais....

Tive muitos namorados ( na verdade poucos tá Adãozinho, kkk), mas com nenhum "aquela luz maternal" se ascendeu de forma significativa. Claro que tem a questão da idade, com 20 anos realmente a gente nao quer ser mãe mesmo! Mas os anos foram passando e então eu tinha quase certeza que não queria mesmo ter filhos: muito trabalho, muita responsa, muita despesa, abdicação da vida pessoal...não, não...não é para mim, eu pensava. Não conseguia imaginar alguém dependendo de mim sempre. Eu sempre tão independente e livre, como faria com alguém grudado em mim, me impedindo de dar um passo adiante?

Quando eu tinha a notícia  de que alguma amiga ou parente estava grávida...sério..eu pensava mesmo! Coitada! Gente é sério e me sinto muito mal por ter pensando assim ! E quando a pessoa estava grávida do segundo então, eu pensava... Vixe, acabou a vida dela! Eu não achava graça em papo de grávida, nem de mãe, até aí óbvio. Quem não é mãe nunca vai se agradar destes papos, é outro mundo! Mas eu também não achava tanta graça em bebês, nem crianças. E achava muitas mães chatas, irritantes e exageradas!!!  Não que eu não gostasse de crianças, sempre gostei, achava fofo. Inclusive vi nascer uma priminha quando eles moravam em Sp e acompanhei ela até quase 3 anos, foi uma descoberta, uma delícia. Sempre achei os bbs e as crianças pequenas muito semelhantes aos animais e só por isso me encantava. Então, não..não era que eu nao gostasse de criança, era que EU não me imaginava mãe, com aquela responsa, me sentiria "presa", me sentiria não-livre! Entendem?!  Não, não....para mim não servia, ficaria feliz em ser uma titia babona! Ponto.

O tempo seguiu passando e passando e há 10 anos conheci o então meu marido. Tínhamos ambos 25 anos. Depois de uns 2 ou 3 anos naqueles papinhos de filhos, futuro, um cachorro e uma cabana...pergunto eu, assim como não quer nada: " Vc quer ter filhos? ". E ele responde imediatamente com uma cara de espanto e uma certeza na voz: "Claro"!. Nossa, aquilo  me feriu como um punhal! "Porque, vc não?" pergunta ele.... E eu: " é que, é que...dá tanto trabalho néh, tanta despesa néh, tanta, tanta....". Bom, o resumo é que ele foi bem enfático, um dia quereria filhos e se eu não quisesse mesmo, provavelmente a gente não daria certo. Ponto. Isso.  Morri#.

A partir desta época admiti então, tá bom, quem sabe pelo menos um! Para agradar meu amor...e tentar me agradar,,,e comecei a pensar mais seriamente.Só que toda vez que eu pensava bem no fundo eu desistia e a única coisa que me ocorria dizer a ele era: " Não vamos ter filho antes de eu conhecer a Itália, viu". Era um sonho antigo conhecer a Itália. Na verdade queria ter morado na Itália e como não deu certo, uma viagem era o mínimo que eu podia querer porque pensava que provavelmente "nunca mais" eu iria para a Itália se tivesse filho...quanta ignorância. Mas claro que a Itália era só uma desculpa para adiar, adiar....Assim como as outras desculpas que a gente arruma: PRECISAMOS trocar de carro, PRECISAMOS quardar $, PRECISAMOS viajar, preciso fazer um curso novo, preciso fazer uma cirurgia,,,,,e assim vamos adiando...até que a idade começa a pegar e o relógio biológico começa a gritar....

Desde que me formei atendia cavalos e cães e em 2005/06 chegou um ponto da minha carreira de que tinha tantos, tantos pacientes das duas espécies que comecei a ver que seria impossível atender  todos com qualidade de atendimento e um pouco de qualidade de vida. Atender cavalos requer estar muito cedo nas baias, fins de semana, feriados, estar sempre longe, prá fora....e voltar correndo para atender os cães....e onde colocaria um filho nisto tudo? Porque também pensava que não adiantaria ter filho e não curtir nada. Então, com muito pesar e tristeza porque amava muito atender os cavalos ( não as pessoas), mas em 2007 resolvi deixar de atender os cavalos e atender só os cães e gatos ( e outros pequeninos que aparecem de vez em quando), para assim focar mais, ter um espaço físico meu que possibilitasse no futuro poder levar meu bebê junto. Então esta construção material, esta preparação para ter meu bebê, já leva alguns anos.

E o outro aspecto que  me impediu de engravidar antes foi...o SONO. Sempre tive muito sono, dormi muito, trocava qualquer programa para ficar dormindo.  Para mim, não tinha nada mais gostoso que chegar em casa no início da tarde de sábado, depois de uma semana intensa de trabalho, pegar minhas dogs, fechar as janelas, ligar o ventilador ( para abafar o ruido externo e ter aquele barulhinho constante), desligar todos os telefones  e...dormir, dormir, dormir.....E dormir no domingo a tarde e a noite também...e nos feriados e nas horas vagas e depois do almoço.....Nada melhor!!!!
Como eu poderia abrir mão disso? Eu nunca mais vou dormir? Meu Deussss? Eu vou morrer de sono! Vou enlouquecer, vou precisar de remédio,,,,e estes pensamentos me deixavam muito desanimada e receiosa de realmente engravidar.... Então procurava abafar estes pensamentos, quando eles vinham...   

Em julho de 2011 fomos finalmente para a Itália e em seguida eu engravidei. Tive uma gravidez mais ou menos tranquila ( que merece outro "poust") e o sentimento materno claro que foi aflorando aos poucos....estava bem contente. Mas estes pensamentos sempre voltavam agora com uma carga hormonal e um apavoramento absurdos: Eu nunca mais vou dormir MESMO? E se eu pegar no sono e derrubar a bb? E se eu não conseguir acordar de sono? E se eu tiver depressão pós parto tamanha a responsa e o sono acumulados? E se, e se....?!!!!!

Acho que a gravidez vai te preparando mesmo, mas vc só se sente mãe e com todo aquele sentimento que tanto falam, depois que o bb nasce. Antes, para mim tudo era "vamos ver se é tudo isso que falam, duvido",,,,Senti que ficar grávida é uma delícia ( claro que também tem seu lado B), que existe uma troca grande entre mãe e bb, mas no meu caso o que "pegou" mesmo foi ter o bb nos braços. Ao contrário de 99% das mulheres no nono mês, eu não estava absurdamente ansiosa para ela nascer. Um dia antes, eu não queria que ela nascesse! Calma, calma,,,,não queria, porque eu queria que ela desse "sinais", não queria uma cesária eletiva ( sobre este assunto, muito o que escrever..), queria que ela ganhasse mais peso e também eu estava com medo dela nascer, medo de não dar conta, medo dela saber dos meus medos...e perguntei quase chorando para a médica se não poderia deixar mais algum tempo ( já estava entrando na semana 41 e ela em posição "sentada"). A médica riu um sorriso amarelo e disse não com uma cara de: " esta moça tem pobrema"....  Adãozinho dizia: Já chega, ela não é filha de burro! E nasceu: 12/05/12, o dia mais lindo da minha vida! Um minuto depois, já tinha esquecido todos estes medos e angústias!


 Depois que ela nasceu e até hoje grandes modicações ocorreram em mim. Claro que não fizeram uma lavagem cerebral: eu ainda tenho sono, ainda tenho medo, ainda não sei como vai ser uma série de coisas, medo dela ficar doente, medo de eu não dar conta e ser uma aborrecente insuportável, medo dela se envolver com drogas...estes medos que acho que toda mãe tem.... Com conciliar a carreira e a maternidade? Parece chavão! Título de revista de mãe! Mas é verdade, tudo isso são as questões da mãe moderna MESMO!  É cansativo, é preocupante. Tenho vontade de dormir por 48 hs seguidas, tenho vontade de passar a tarde no salão de beleza, tenho vontade de viajar para as Ilhas Gregas. Mas eu tropeço e daqui a pouco já esqueci do sono, do cansaço. Já não lembro mais do trabalho, já nem acho tanto trabalho assim, já tiro de letra. Trabalho que ela dá? Q trabalho? Q sono? Que cansaço? Ops, nem lembro mais...!  

Algo nasceu dentro de mim junto com ela! Um sentimento que por mais que minhas amigas, minha mãe, os livros...todos tentassem explicar....nunca vai ser explicável! É uma felicidade plena, uma alegria de viver que nenhum prêmio,curso ou viagem me deu até hoje!

Ela já é será minha companheira perfeita. Serei mãe dura quando precisar, mas também seremos amigas, seremos companheiras de viagem ( é possivel sim viajar pelo mundo com um bb/criança acoplada), minha companheira de trabalho ( certeza que desde muito nova vai querer "ajuda" nas sessões dos bichinhos")...minha companheira de vida!

Logo que ela nasceu eu chorava de manhã e de tarde. Depois 1 x ao dia,,,,e agora choro cada uns 2 ou 3 dias ( salvo em ocasiões especiais). Choro quando ela sorri muito para mim. Choro quando a amamento e ela fica com a mãozinha fazendo carinho. Choro quando a gente dança ao som de "Valsa para uma Menininha"do Toquinho ( que é a música que eu ouvia muito na gravidez), choro as vezes quando a vejo dormir no bercinho, choro só de olhar para ela e constatar o quanto é saudável e perfeita. Minha filha. Nossa filha. Um pedacinho de nossos genes. Um pedacinho de nosso coração. Um pacotinho de todos os sentimentos bons do mundo.

Acho que passei a ter mais fé depois que ela nasceu: fé na vida, fé nas pessoas, fé em Deus...

Choro...!






2 comentários:

  1. Cris, é bem assim mesmo. Ficamos adiando a gravidez até não dar mais né?..rs...agora com 36 anos estou gravidinha de 9 semanas e 4 dias. Agradeço muito a Deus por esse momento super feliz nas nossas vidas. Não vemos a hora de saber se é menino ou menina, ou vai que tem 2 aqui e o médico só viu um no ultrassom..rsrsrs... maluquice total a minha!...rsrsrs...
    estou amando seu blog! super fofo!

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  2. Lindo e sincero seu post. Eu também pensava bem parecido, mas só tendo essa experiencia pra saber mesmo!! Eu sou muito feliz e hoje parece que sempre tive minhas filhas, durante a minha vida inteira rs.

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